terça-feira, 6 de outubro de 2009

Relato da Maratona de Berlim por Roberta Uchôa

Frase do dia:
"A melhor saúde é não sentirmos a nossa saúde." [ Jules Renard ]

"Voltei Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço..."
A letra linda de Luis Bandeira e imortalizada na música do saudoso pernambucano Capiba, retrata o nosso frevo e um pouco a saudade dos que partem da nossa cidade Recife.

Voltei, Recife
Foi a saudade
Que me trouxe pelo braço
Quero ver novamente "Vassoura"
Na rua abafando
Tomar umas e outras
E cair no passo

Cadê "Toureiros"?
Cadê "Bola de Ouro"?
As "pás", os "lenhadores
"O "Bloco Batutas de São José"?
Quero sentir
A embriaguez do frevo
Que entra na cabeça
Depois toma o corpo
E acaba no pé

E esses pés que correram 2 maratonas seguidas em uma semana, já pisam em solo Pernambucano, se preparando para mais um desafio que acontecerá nos dias 24 e 25 de outubro em Florianópolis-Santa Catarina.
Será a difícil Praias e Trilhas. Duas maratonas em dois dias consecutivos.

Meus últimos treinos:
Sábado - 16 kms com o mano Clode
Domingo - Maratona de bike com Chris
Segunda - Treino de tiros de 500 metros
Terça - Treino forte de 14,36 kms com 01:13:42

Sábado encontrei uma nova amiga de corridas, a maratonista Roberta Uchôa na orla de Boa Viagem, que me mandou o seu relato da Maratona de Berlim.
Achei fantástico e gostaria de compartilhar com os leitores do blog:

Maratona de Berlim: Haile Gebrselassie e eu
Publicado no Caderno Opinião, do DP, página A23, Recife, domingo, 04 de outubro de 2009.

“Quarenta e dois quilômetros, cento e noventa e cinco metros” é a medida exata de uma maratona. A medida é longa para escrever, para ler e, sobretudo, para correr! Apesar de longa, a maratona é hoje a prova esportiva mais popular e democrática do mundo. Nas maratonas mais famosas, como as de Londres, Nova York, Paris, Berlim, Boston e Chicago, participam mais de 35 mil corredores, mulheres e homens de todas as idades, nacionalidades, raças, religiões e preparo físico. Uma maratona reune ao mesmo tempo corredores da grandeza de Haile Gebrselassie (recordista mundial da prova com um tempo de 02:03:59) e eu!

No domingo, 20 de setembro, Haile Gebrselassie e eu completamos a 36ª Maratona de Berlim. Ele, aos 36 anos e na sua 10ª maratona, ganhou a prova pelo quarto ano consecutivo, mas não conseguiu bater seu próprio recorde estabelecido no ano passado na mesma prova, completando a deste ano em 02:06:08.


Eu, aos 47 anos e na minha 4ª maratona, cheguei depois de 5383 mulheres e não faço ideia depois de quantos homens, completando a prova em 04:58:43. Quando Haile Gebrselassie terminou a prova, a temperatura estava em torno dos 20º C e quando eu terminei, mais de duas horas e meia depois, a temperatura estava entre 26º C e 28º C.

Apesar da abissal diferença, nós registramos nossos nomes na histórica edição da prova que comemorou os 20 anos da queda do Muro de Berlim.

Nas últimas 20 edições desta maratona, os participantes poderam cruzar 4 vezes as antigas fronteiras entre as duas Berlim, ocidental e oriental: no 7º km na Ponte de Kronprinzessinnen, no 14º km na Rua Heinrich-Heine (antigo ponto de checagem), no 38,5º km na Praça Potsdamer e, pouco antes da linha de chegada, no 42º km no Portão de Brandenburg. Nos 4 pontos das antigas fronteiras haviam sinalizações com o slogan da prova: “20 anos correndo sem fronteiras”. Em todos eles, simbolicamente “pulei o muro”!

Desde a queda do Muro de Berlim, os corredores mais preocupados em curtir a prova, como eu, do que em bater o recorde mundial, como Haile Gebrselassie, podem apreciar a diversidade arquitetônica da cidade reunificada.

Da arquitetura neo-clássica, gótica, romântica, barroca e moderna à rígida arquitetura típica dos países que vivenciaram o socialismo de Estado, a cidade é um deleite para os olhos.
Dos dois lados do antigo Muro de Berlim, entre o que sobreviveu aos bombardeios da 2ª Guerra Mundial e entre as novas e moderníssimas construções, existem prédios, monumentos, igrejas, praças, parques e avenidas muito arborizadas, que fazem a paisagem urbana da cidade uma das mais belas da Europa.
Berlim reunificada é, sobretudo, uma cida de vibrante como qualquer jovem de 20 anos; e, é a vibração dos milhares de alemães ao longo do trajeto da maratona, aliada a um percurso quase todo plano e à boa logística apoiando os corredores com frutas, água, bebidas energéticas e até chá, que fazem da Maratona de Berlim uma das 5 World Marathon Majors (premiação de um milhão de dólares para o corredor que melhor pontuar nas maratonas de Londres, Nova York, Berlim, Boston e Chicago em dois anos consecutivos).

Tanto Haile Gebrselassie como eu vamos ainda correr outras maratonas, pois o que nos identifica, a paixão arrebatadora pela corrida, não nos permite parar. Ele deve continuar correndo pelo mundo, quebrando recordes e ganhando prêmios. Eu devo correr mais 2 maratonas antes de fazer 50 anos (Boston e Chicago) para completar as 5 World Marathon Majors.

Independente do propósito, seja um dos corredores mais rápidos do mundo, como Haile Gebrselassie, seja uma simples corredora amadora, como eu, somos todos heróis.
Roberta Uchôa (Assistente Social e professora da UFPE)

3 comentários:

  1. Julinho, muito legal o relato de Roberta Uchôa, parabéns para ela também.Mas, e aí? Cadê as tuas história de Berlim e Gussing? Tõ ansiosa pra ler.
    Beijão

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  2. Caro Júlio, a Professora Maratonista tem classe. E a meia da Acorja vai mesmo ter? Uma passeada pelas cias. aéreas mostra que tá difícil ir aí. O feriado acaba de arrebentar. Confirme se vai ter a prova no dia 01/11, mas o tempo tá nublado por aqui, não sei se teremos "teto"!!! Miguel Delgado.

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  3. Olá Julio, demorei para aprender como postar comentário aqui, por isso sumi, mas leio sempre seu blog, acho que a Comrades já está no papo, como esse seu esforço em treinos, vai ser mole. Abraço, Walter - SBCampo/SP

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